Da série - Rio São Francisco

Xingó

By Hélio Rezende

Localização da barragem e represa de Xingó

A barragem de Xingó é um complexo hidrelétrico que está localizado entre os estados de Alagoas e Sergipe, próximo aos municípios de Piranhas/AL e de Canindé do São Francisco/SE. A barragem de Xingó dista de aproximadamente 205 km de Aracaju e de 251 km da foz do Rio São Francisco, onde se encontram as localidades de Brejo Grande/SE e Piaçabuçu/AL.

Lembrando que o Velho Chico é principal rio que atravessa a região nordestina, com extensa área de drenagem. O rio percorre uma extensão de 3.200 km, desde sua nascente na Serra da Canastra em Minas Gerais, até sua foz em Piaçabuçu/AL e Brejo Grande/SE.

Posicionada a cerca de 65 km abaixo da usina de Paulo Afonso, a Represa de Xingó constitui-se em um grande reservatório, que em razão das condições naturais da região se localiza em um grande cânyon. Devido tal beleza a região se reveste em uma grande fonte de turismo na represa e adjacências, através da navegação no trecho entre Paulo Afonso e Xingó, além de prestar-se a projetos de irrigação e ao abastecimento d'água na região.

Demais disso, deve-se destacar o turismo dentro da própria represa. Em 2010, quando estive em Aracaju, pude apreciar as belezas do lugar. Aproveitei um fim de semana de folga e no sábado, fomos conhecer Xingó.

Para tanto, me inscrevi com minha esposa numa excursão em uma van partindo de Aracaju e lá fomos nós, pelo sertão nordestino do lado de Sergipe. Durante o trajeto, como de costume, o guia foi nos descrevendo acerca do passeio. Chamou-me a atenção quando ele se referiu ao estado do Sergipe como o mais “compacto” de todos, sem usar o termo “menor” unidade da federação. Risos rrrr.

Pouco tempo depois do início da jornada adentramos ao sertão, com todas as suas características, porém, começaram a aparecer também as áreas interessantes com boas casas, com caminhões e carretas estacionadas, no que o guia nos informou tratar-se de locais de residências de caminhoneiros e transportadoras da região.

Começaram a aparecer também as áreas irrigadas, com plantações e bastante verde, bem como regiões com cultivo de forrageiras.

Depois de um certo tempo de viagem fizemos a primeira parada para esticar as pernas e fazer um lanche. Uma das opções de lanche da parada era uma porção de carne de sol com macaxeira (mandioca) e a famosa manteiga de garrafa. Isso tudo para segurar a fome até a hora do almoço.

Estava sem fome e não comi nada. Mais tarde foi que entendi a necessidade e a sustança do lanche. Devia ter me prevenido. Kkkkk.

Mais um tempo de viagem e chegamos a um espetacular hotel resort, onde fizemos uma parada. Localizado no alto e ao lado da margem do rio o visual que se desnuda é algo impressionante. Do deck do hotel pude avistar a Barragem de Xingó, enormes montanhas de pedras e cânyos, bem como o Rio São Francisco, correndo em direção à sua foz, acerca de 251 km abaixo. Aparentemente com pouca água e muita corredeira. Nem de longe faz lembrar o volume de água que observamos, por exemplo, no Pontal do Abaeté e em São Francisco de Minas.

Vistas da barragem de Xingó e do Rio São Francisco a partir do Resort

Depois de alguns minutos e algumas fotos, enfim prosseguimos em direção à barragem, acerca de 20 km do resort, mas, não sem antes ter mais uma parada. Desta vez no Museu Arqueológico de Xingó. Foi uma bela surpresa, pois eu sequer sabia da sua existência. A visita foi rápida, porem gratificante. Pude observar as várias peças recolhidas durante as escavações para construção da barragem, ali guardadas. Vejam algumas fotos a seguir.

Exposição do museu arqueológico de Xingó

Após esse ótimo aperitivo, que foi a visita ao Museu Arqueológico de Xingó, prosseguimos em direção à barragem e logo depois à estação dos catamarãs – Porto e restaurante Karrancas –, local de embarque para o passeio pela represa cânyons de Xingo. Antes do embarque, porém é altamente recomendável fazer o pedido do almoço que é servido logo na volta do passeio, foi o que fizemos.

A saída para o passeio teve início por volta de 11 horas.

As acomodações do catamarã são boas e com certo conforto. Logo de início, começamos com uma cervejinha, que era para descontrair ainda mais o passeio.

Embarque para o passeio

À medida que o catamarã avançava em direção aos cânyons a paisagem se desnudava, cada vez mais bela. Ainda não tinha visto nada igual, e, olha que conheço lugares bonitos Brasil afora. Porém, devo reconhecer que cada lugar tem suas características próprias e seu quê de especial.

Destaque para a Pedra do Gavião, o Morro dos Macacos e a Pedra do Japonês.

Pedra do gavião, morro dos macacos e pedra do japonês

Mais adiante uma linda e merecida homenagem ao santo que deu seu nome ao Rio, uma imagem de São Francisco entronizada em uma capelinha rústica entalhada nas rochas de uma das paredes do cânyon. Confesso que fiquei muito comovido, e essa é uma das imagens que ficou marcada após o passeio.

Imagem de São Francisco numa capelinha rustica na parede do cânyon

Mais um pouco e chegamos ao Paraíso do Talhado, um dos pontos alto do passeio. Segundo o guia ali era um dos lugares onde Virgulino Ferreira, Lampião se escondia.

Por fim o catamarã adentrou ao Porto de Brogodó, uma espécie de porto flutuante, exclusivo para os turistas que fazem o passeio. Local seguro, em uma das muitas entradas da represa, onde pode se banhar à vontade e sem medo. É que os donos das catamarãs e guias de passeios dotaram o local de uma rede de segurança formando um piscinão dentro da represa, permitindo que os banhistas se banhem em segurança e sem o risco de ir para fundo. Além da rede de segurança o local é dotado de boias (espaguetes flutuantes) e coletes salva vida para quem quiser se banhar com mais segurança ainda. Claro, além de salva vidas e barco menores no entorno do piscinão.

Porto de brogodó e piscinão

A partir do porto flutuante é possível ir mais além em um pequeno passeio de canoa a remo. Claro, pago a parte né! Lá fomos nós em mais uma aventura. Segundo os guias o local era o esconderijo preferido de Virgulino Ferreira, o Lampião. Ao final de um pequeno túnel pudemos avistar uma pequem imagem de Padre Cícero, sobre uma pedra, como se estivesse ali para guardar o lugar.

Passeio extra no Paraíso do Talhado

Por fim, retornamos ao Porto e Restaurante Karrancas, pois além das aventuras vividas durante o passeio pela represa e cânyons de Xingó, o estômago já estava reclamando. Após o belo almoço com peixe, regado a cerveja, retornamos para Aracajú.

Posso dizer que foi um belo e inesquecível passeio.

Até a próxima.


Hélio Rezende

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