Nas trilhas da invernada – Frutas silvestres
By Hélio Rezende
Só para roceiros raiz.
Hoje, pela manhã, fiquei no sofá vendo TV. Na verdade, um
dos poucos programas da TV Globo que me chama a atenção – o Globo Rural.
Por ser de origem rural, ainda conservo muito do modo de
viver do campo. Ou seja, ainda tenho o pé na roça e costumo dizer, que eu saí
da roça, mas roça não saiu de mim, principalmente a região das bandas da
invernada.
Uma parte do programa que foi ao ar hoje pela manhã, trouxe
à memória uma frutinha que poucos conhecem, mas que eu consumia muito na minha
infância, pelas trilhas da invernada – o joá. Um arbusto espinhento, com
espinhos do caule às folhas e até no suporte da fruta. Quando madura na cor
avermelhada, uma delícia. O programa mostrou o pessoal colhendo o fruto na
região da serra da Mantiqueira em Minas Gerais e fazendo geleia de joá.
Quando menino, pelas bandas da inverna consumi muito essa
frutinha “in natura”, mas a geleia, aparentemente estava uma delícia.
Ah sim. É preciso ter cuidado, pois existem dois tipos de joá,
um deles o verde rajado é venenoso.
Outra frutinha que me veio à memória é a amora selvagem, não
aquela de árvore, muito gostosa também. Mas, a que chamo de amora selvagem, dá
em um arbusto de porte pequeno, em áreas úmidas e de mais sombra, próximo a
barrancos e pedras. O formato da frutinha é igual a de uma amora normal de
arvore, quando madura de vermelho intenso, tendendo a grená. Muito docinha, uma
delícia.
Uma coisa puxa a outra e veio a memória a época dos ingás,
com suas vagens enormes e suas sementes cobertas por uma pele branquinha e docinha.
Uma farra total. O problema era a altura das árvores e o trabalhão para apanhar
as vagens. Recentemente pescando de barco pelo Rio São Francisco, deparei com
um ingazeiro já com os frutos no ponto para consumo e próximo a água do rio. Me
esbaldei, pedi para encostar o barco e provei várias sementes, uma delícia.
Atenção. A parte comestível do ingá é só a pele branquinha
que envolve a semente. A semente tem que ser descartada.
Outra fruta raiz é o ananás. Parece abacaxi, mas não é.
Também bom para consumo, porém é preciso que esteja bem maduro e tirar toda a
casca, inclusive aqueles olhinhos, que é para não arder a boca. Na verdade, o
cheiro do ananás é mais gostoso que a fruta em si. Consumi muito ananás pelas
trilhas da invernada.
Mas a campeã mesmo é o araçá, essa talvez mais conhecida de
todos. Não somente dos roceiros raiz. Parecida com uma goiabinha, uma
gostosura. O pé do araçá é um arbusto de porte médio, parecido uma goiabeira,
quando maduro o fruto tem a cor amarelada. Descoberto o pé eu não perdia uma.
Agora em abril, fomos a uma
caminhada para as bandas da jacutinga e durante o trajeto fotografei um pé de
araçá carregado de araçá. Pena que não tinha nenhuma frutinha madura.
Até a próxima.
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