Nas trilhas das invernadas - As agruras do menino Hélio
As agruras do menino Hélio
Quem nunca aprontou quando menino que atire a primeira pedra.
Essa semana estive em Torreões e conversando com a
secretária da igreja descobri que ela é neta do Sr. Vicente Cassiano (o Sr. Cassianinho)
que morou na Boa Vista, nas terras do Tio Trindade, próximo de onde hoje são as
propriedades do Luiz e da Lilian Trindade, ao pé da serra do Sr. Zé Maximiano, ambos
meus primos, filhos do tio Tunico Trindade e da tia Aparecida Rezende.
Em determinado período havia um campo na várzea
próxima a propriedade, que parecia mais um pasto limpo, que nos servia para uma
peladinha nos fins de tarde de domingo. A bola, ah! A bola. Uma pelota de couro
costurada com barbante fino e encerado com cera de abelha. Cada chute era um
vergão que a bola deixava no pé.
Ainda bem que a gente andava descalço e o couro dos
pés era quase tão curtido quanto o da bola. Kkkkk. Reunida a meninada, os do
Gavião, os da Boa Vista e a turma das proximidades lá do Tio Tunico, inclusive
os filhos do Sr. Cassianinho, estava formado o rachão.
No meu caso, como morava mais longe, o melhor
acesso era cortar caminho pelas Cachoeirinhas. Por essa época meu pai já havia
feito a sociedade com o Tio Mervílio e já estavam plantando roça de meia com o
Sr. Candido Fonseca, proprietário do sítio das Cachoeirinhas.
Isso facilitava a minha passagem por ali, que nada
mais era do que uma trilha que só era possível transitar a pé. É que havia
pontos que nem cavalo passava e outros nem porteira tinha.
Gostava de passear por aquelas bandas e do café com
bolo da Tia Aparecida Rezende. Uma maravilha.
Outro motivo que me fazia ir lá era que o Sr. Cassianinho
cortava cabelo. Aí aproveitava e unia o útil ao agradável.
Primeiro passava no Sr. Cassianinho para cortar o
cabelo. Ele com a tesoura e a máquina cegas, não perdoava. Vez em quando tirava
um tufo de cabelo. É que a máquina dele mais arrancava do que cortava. Ufa! Mas
no fim ficava tudo certo, só com o couro cabeludo um pouco dolorido. Mas quem
se importava!
Até porque não tinha outro jeito. Ou era o Sr.
Cassianinho, meu avô Alcides ou o Sr. Zé Bernardo em Torreões. Todos com os
mesmos problemas de ferramentas cegas que mais arrancava do que cortava o
cabelo.
Aliás este sempre foi o meu problema. Achar alguém
que acertasse com o corte do meu cabelo, devido a possuir uns dois ou três
redemoinhos. Todo primeiro corte com um barbeiro, ao final, sempre ficava uns
caminhos de rato. Teve algumas vezes que tive de repetir o corte, logo em
seguida, para poder acertar a m que o anterior fez, às vezes até com máquina 1
ou 2.
Uma das primeiras vezes que cortei meu cabelo com
meu avô ele fez um corte todo diferente, disse que era um corte tipo príncipe
Danilo, mas na verdade estava mais para o corte que o Ronaldinho fez quando da
disputa da Copa do Mundo em 2002. Com aquele topete horrível. Kkkkk.
Minha mãe ficou uma fera. Eu! Eu estava achando o
máximo. Não me lembro bem, mas acho que ela pegou a tesoura e me tirou o
topete.
No exército era aquele sangramento. Toda vez que eu
ia cortar o cabelo, o que acontecia de 8 em 8 dias, se não me falha a memória,
o barbeiro me cortava um pedaço de uma verruga que tenho até hoje na cabeça.
Aí, vinha ele com uma tal de pedra ume para estancar o sangue.
Enfim assim é, e sempre será a vida. Todos nós
temos nossas agruras. Depois eu conto mais.
Até a próxima.
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