Pescaria no Araguaia

 

A pescaria no rio Araguaia

Depois de muitas idas e vindas e de adiamentos, enfim saiu a pescaria no Araguaia.

Em 2019, finalmente conseguimos fechar um grupo de 6 pessoas para, o que se esperava, uma bela pescaria no rio Araguaia. Reservou-se a pousada para maio de 2020.

Uma vez decidido, iniciou-se os preparatórios, com os pagamentos das parcelas do pacote da pousada e a compra das passagens aéreas.

Passou-se os meses, passagens compradas e pagas, pacote da pousada também. Aí! Aí! ..... Em março de 2020, eis que começa o imbróglio. Viaja não viaja, pesca não pesca. Pandemia. Cidades, estradas e aeroportos fechados. Viagem cancelada pela companhia aérea. Como ir pescar?

Pensou-se em ir de carro. Mas como, se estava tudo fechado, inclusive a pousada? Os caminhoneiros que o digam. Por fim, em razão das circunstâncias fomos obrigados a adiar nossa tão sonhada pescaria.

Conversa vai, conversa vem, adiou-se para abril de 2021.

Lá vamos nós remarcar passagem aérea e demais providências. Tudo isso porque em fins de 2020, começou-se a aparecer uma luzinha no fim do túnel, com a pandemia recrudescendo, e a perspectiva da vacina já no horizonte. Só perspectiva!

Eis que em janeiro de 2021 começou tudo de novo. Uma vez mais as cidades foram fechadas e a pandemia tomou rumos jamais pensado em fins de 2020. Mas agora havia uma esperança. As vacinas começavam a ser aplicadas. O problema era quando as doses chegariam a nós pescadores, idosos de 65 anos. Eis a questão, ir ou não ir em abril.

Novamente começou a conversa vai, conversa vem. Vamos de carro que aí evita-se os aeroportos. Parte topou, parte não topou. Então esperamos a vacina para todos? Ainda não havia perspectivas de que os idosos do grupo tomassem a vacina completa, com a segunda dose.

Pelo sim pelo não, depois de muito discutir, adiou-se mais uma vez, agora para junho. Afff.

Novamente cancelamento de voos e remarcação de passagens. Um dos integrantes do grupo não pode ir e dois integrantes do grupo, pai e filho, decidiram ir de carro.

Enfim, chegou o grande dia. Lá fomos nós para o Araguaia afamado. Rio de piranhas, de pirararas, piraibas e outros peixes dos rios nacionais. Uma aventura, um sonho.

Pescaria é uma saga que só pescadores entendem. Dois integrantes foram de carro, cerca de 1300 km, eu e mais dois fomos de avião até Goiânia e de lá até Luiz Alves de carro, cerca de 500 km.

Depois de toda a batalha, lá estávamos nós. Infelizmente com o grupo incompleto, pois um dos integrantes, em razão dos adiamentos ficou inviável sua ida em junho de 2021, devido a compromissos. O grupo foi reduzido a cinco. Sendo assim formou-se uma dupla e um trio, inclusive para pescar. Em um dos barcos, lá em Luiz Alves conhecido como canoa, foram três pescadores. Sem problemas, como se verificou durante a pescaria.

A pousada escolhida, Pousada Canoeiros, fica em Luiz Alves, um pequeno e simpático lugarejo de aproximadamente 13 mil habitantes, às margens do rio Araguaia. Aliás, cabe aqui um comentário. Muito boa a pousada, confortável e aconchegante. Tanto que recebem casais com e sem filhos.

Antes de prosseguir importante conhecer um pouco o Rio Araguaia.

“O rio Araguaia nasce nos municípios de Mineiros (GO) e Alto Taquari (MT) e forma a divisa natural entre Goiás, Mato GrossoTocantins e Pará.  Compreende uma das principais bacias hidrográficas do centro-oeste, a bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins. O rio conta com uma extensão total de 2.114 quilômetros. Em seu percurso, seus meandros delimitam juntamente como os do rio Javaés, a maior ilha fluvial do mundo, a Ilha do Bananal, onde estão localizados o Parque Nacional do Araguaia e o Parque Indígena do Araguaia.”

“Como ponto alto o pôr do sol visto das margens do rio Araguaia é uma das imagens mais belas captadas por turistas e veículos de comunicação. Mas não é difícil também ver botos subindo rapidamente para respirar, gaivotas, mergulhões, jacarés e até cardumes de peixes subindo o rio durante a piracema - período em que é proibida a pesca de qualquer espécie. Já três espécies são proibidas de serem pescadas em qualquer época do ano: pirarucupirarara e piraíba (filhote). Na Amazônia, estão sendo desenvolvidos projetos de criação do pirarucu em cativeiro. Na natureza, sua pesca é proibida. ” https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Araguaia

Feitas essas considerações lá fomos nós para a tão esperada pescaria.

Dia 01 – segunda feira. No meu barco, ou canoa como eles designam lá, fomos três pescadores. Tudo preparado, varas, anzóis, iscas, almoço, bebidas; muita água.... Subimos o rio e tudo que foi descrito sobre o lugar se revelou de maneira sensacional. Água boa para a pescaria, muito verde, pássaros, botos, peixes, enfim uma natureza exuberante. Bem da verdade o Rio Araguaia lembra muito alguns pontos do nosso Rio São Francisco – o velho chico como é carinhosamente conhecido por nós, mineiros.

Não precisou de muito tempo para que víssemos revoadas de aves nativas, botos e o verde da vegetação, dando o tom do visual da região. Anzóis na água e peixes atacando as iscas. Eu mesmo, perdi muita isca; peguei nada, só engordei os peixes, mas os demais capturaram várias espécies que após as fotos foram devolvidas à natureza.

Dia 02 – terça-feira subimos novamente o rio e tudo se repetiu de maneira espetacular. Única coisa diferente é que todos os meus colegas pegaram peixes e eu, bem continuei na argola como é designado o pescador que na pescaria não pega peixes. Kkkkkk. Mas... como sempre fui insistente, não desanimei e continuei com a firmeza e a expectativa de sempre. Anzol iscado e na agua, eis a fórmula do sucesso.

Dia 03 – quarta-feira descemos o rio e tudo parecia como os dois dias anteriores. Em dado momento pedi meu amigo que tirasse uma foto minha. Já que não pego peixe guardo pelo menos uma foto do terceiro dia de pescaria. Ah! Mas quem é insistente e aplicado é sempre recompensado. Ooops, deu até rima. Lá estávamos nós apoitado na beira do rio Araguaia, encostado num barranco, equipamento e isca para captura de peixe grande. E os botos fazendo a festa. Toda hora roubando isca.

Mas, eis que veio prêmio. Vara no descanso do barco, só escutei a carretilha cantar. É peixe, fisga. Solta o barco, solta barco.

Não deu outra fisguei o peixe, com uma mão segurando a vara e a outra soltei o barco. Aí começou a luta homem x peixe, com este em vantagem, por estar em seu habitat. Depois de muita luta levamos o peixe para uma prainha mais próxima. Foi aquela festa. Quem quiser conferira a briga homem x peixe é só ir no You Tube – Canal do Hélio Rezende – Pescaria no Araguaia. Belo peixe, uma piraiba de 1,65 metros e aproximadamente 50 quilos. Lavei a alma, bati meu próprio record que era um pintado de 0,85 metros e cerca de 8 quilos.

A piraiba é um peixe da bacia amazônica e pode chegar a 2,5 metros e 120 quilos. Sua carne é muito apreciada na região norte. Nos cardápios dos restaurantes aparece com filé de filhote.

Mas esse que eu tive a oportunidade de fisgar, após toda farra, fotos e tudo mais ele foi devolvido ao rio, para continuar crescendo, reproduzindo e quem sabe fazer a alegria de outros pescadores como eu.

Aliás, uma passagem interessante é que dada a minha euforia os piloteiros, não sei porque, em dado momento disseram, ah!, não foi tão grande assim! E em outro momento disse que era muito raro alguém ir lá e na primeira vez pegar um peixe grande como o que peguei. Aí sim fiquei mais feliz, afinal eu era uma pessoa rara. Kkkkkk.

Dia 04 – quinta-feira subimos novamente o rio. Nada aconteceu de novo a não ser a natureza exuberante, a revoada de pássaros e os peixes menores fazendo a festa.

Dia 05 – sexta-feira descemos o rio. Pegamos nada, apenas peixes menores, prontamente devolvido ao rio. Aqui, bom destacar que meu amigo Orlando fisgou uma arraia, enorme de uns 1,2 metros de diâmetro. Mas foi um dia muito expressivo. A resenha foi o ponto alto, tipo uma avaliação do que foi a pescaria.

Muita gente acha que pescaria é pegar muito peixe, encher a geladeira, o isopor com gelo e peixe. É encher um caminhão frigorífico de peixes e trazer para seu restaurante e mostrar para amigos que é um campeão. Mostrar para os amigos que foi e pegou e matou várias espécies de peixe. Na verdade, ele destruiu um pouco mais da natureza. Não pegou nada. Foi lá e pagou para os pescadores locais pegar os peixes e vender para ele.

Pescaria é farra, é vida. É estar perto da natureza. É ter a oportunidade de capturar belas fotos. Eu mesmo tirei várias e belas fotos. Aliás, eu adoro fotos e onde vou lá vou eu com minha máquina de fotografia, ou mesmo com o celular.

Adorei o rio Araguaia. Espero voltar lá no próximo ano. Vamos ver.

Até a próxima.

 

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