Entre flores e livros - Reflexões de sexta à tarde

 

Reflexões de sexta à tarde

By Hélio Rezende

Um dia desses li em algum lugar uma mensagem que ficou gravada em minha memória. Tal mensagem dizia mais ou menos assim: abandonei algumas escolhas que fiz pelos caminhos, por não serem mais importantes e necessárias para mim. Deixaram de serem do que precisava.

Tal mensagem me deixou a matutar. Claro, escolhas são feitas, porem uma vez adotadas não há como, simplesmente, abandona-las ou deixa-las pelos caminhos como sugere a mensagem. A não ser que sejam coisas inanimadas, ou seja, objetos, que a gente adquire e que quando a gente não gosta ou não nos servem mais, jogamos fora, colocamos no lixo ou levamos para o ferro velho, ou para qualquer outra forma de descarte.

Não me parece que a mensagem que me chamou à atenção se tratava de coisas, objetos. Mas sim de pessoas. Estas sim, partes de nossas vidas, sem as quais não nos sentimos bem. Parafraseando Ortega e Gasset que diz que o homem é um animal político e social por natureza. O que sugere sermos incapazes de vivermos sem se relacionar social e politicamente com os da nossa espécie. Este social e politicamente, embora não pareça, nada mais é que o nosso círculo de relacionamentos e de amizades que construímos ao longo de nossas vidas. Aí está, no meu entender a essência do ser humano.

Segundo a teoria de Dumbar, somos incapazes de termos mais de cento e cinquenta amigos durante a nossa vida, aí inclusos os familiares. Será? Segundo este mesmo Dumbar temos: cinco grandes amigos, quinze bons amigos e, cinquenta amigos. Os demais entram, genericamente, no rol de conhecidos.

No meu caso, especificamente, tenho certeza de que tenho mais de cinco grandes amigos e mais de quinze bons amigos. Agora, a partir daí eu os considero todos os demais, conhecidos, claro que para alguns bastam um contato e lá estamos nós nos interagindo.

Por isso não concordo com a tese inicial dessa reflexão. Em se tratando de pessoas, ainda que sejam inimigas, não podem ser simplesmente descartadas, por razões obvias. Se foram escolhidas como amigas, não concebo em hipótese alguma o descarte da amizade. No máximo um afastamento estratégico. Se for inimigo então,... estar sob as vistas também é uma boa estratégia. Graças a Deus, ainda não identifiquei nenhum que tenha o perfil de inimigo em relação a minha pessoa. Apenas animosidades que jamais deixei ir adiante. Me afastando.

Acho que saí do meu propósito. Que é a amizade, o relacionamento, as interações sociais. Estas sim, me interessam muito. Até abro algumas exceções para mantê-las. Uma amizade não tem preço.

Amigo é alguém sempre muito especial que a gente não escolhe. Eles entram na vida da gente, se instalam sem pedir licença, mas também sem nada exigir. Mesmo estando longe o amigo é sempre amigo. É alguém que quando a gente encontra é aquela alegria, é como se sempre estivesse por perto, e está. Não existe distância que separe os amigos.

E assim é, quando se encontram em qualquer momento ou lugar. Encontro de amigos é aquela alegria de sempre, oportunidade em que se colocam a conversa em dia, às vezes com um bom papo regado a um chopinho gelado. Aquela conversa fiada.

Amigos, amigos são para sempre.

São que nem os diamantes. Never died.

Até a próxima.

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