Entre flores e livros - A nossa essência
A nossa essência
Agora, em outubro, participei de um
congresso. Virtual, claro. Na palestra magna, lá estava o Mário Sérgio Cortella
com seus ensinamentos. Se é que podem ser assim designados.
Ótima palestra, cheia de desafios e propostas,
embora sejam coisas óbvias, mas que sempre precisamos de alguém isento, fora
dos nossos convívios e pensamentos, para que as verbalizem e nos chamem a
atenção.
De início ele começou com a famosa
mensagem de Heráclito de Éfeso: “Ninguém se banha no mesmo rio uma segunda vez,
porque quando isso acontece nem a pessoa e nem o rio já não são mais os mesmos.
” Isto porque tanto a essência da pessoa assim como a do rio já se modificou e
não são mais as mesmas. Ou seja, tanto o rio como a pessoa se modificaram.
Parece obvio. Não? Mas não é mesmo. É que
tanto o rio como nós nos modificamos a cada momento, a cada segundo e no
decorrer do curso do rio e de nossas existências.
Pensemos nos rios! Formados pelos seus
afluentes e suas nascentes que brotam do fundo da terra. Não é crível pensar
que aquelas águas que ali jorram são as mesmas que outrora inundaram e passaram
por aqueles leitos. Ou seja, não podem e não são as mesmas águas, os mesmos
olhos d’águas, os mesmos ribeirões e rios. As águas já são outras, assim como
as águas das chuvas que retornam a terra trazendo coisas do ar.
Agora pensemos nas pessoas. Nascidas e
criadas em qualquer parte do mundo.
Poderíamos tomar como exemplo qualquer
pessoa que daria o mesmo resultado. Aliás é assim que funciona.
Na palestra do Mario Sérgio Cortella,
depois de citar Heráclito, ele disse que naquele momento ele era a versão mais
recente dele mesmo. Fiquei a pensar!
Digo o mesmo. No momento em que escrevo
este texto posso afirmar que sou a versão mais recente de mim mesmo. Se é a
melhor não posso afirmar, mas acho que nesse momento, sou a melhor versão de
mim mesmo, assim como você leitor. É que no momento em que você estiver lendo
este texto você é a mais nova versão de você mesmo.
Eu explico. Ninguém nasce pronto. Aliás,
o ser humano, quando nasce, é o ser mais frágil entre todos os animais. Precisa
de muito cuidado para sobreviver. Difícil de dizer até que idade. Acho que
hoje, talvez até os trinta anos, talvez!!!....
Pegamos por exemplo os filhotes de pato,
entre muitos outros animais. Já nascem e, logo logo, vão para o lago nadar e
procurar comida.
Toda essa conversa surgiu a partir da tese
de um amigo de que águas passadas moviam moinhos. Não movem!!! Concordo,
apenas, com o ciclo hidrológico de que as águas que passam se transformam em
chuvas e voltam à terra formando o ciclo hidrológico.
Digo porque! Vejamos! Um curso d'água,
rio, ribeirão ou riacho, suas águas, uma vez passadas, moveu as pás do moinho,
não voltam mais, ou quando voltam não são mais as mesmas águas. Porque, ainda
que a chuva formada pela evaporação, nem sempre caem nas cabeceiras do mesmo
curso d'água e mesmo assim se retornassem ao mesmo curso, não seriam mais as mesmas
águas, porque processadas!
Heráclito de Èfeso já dizia com
propriedade “Ninguém entra em um mesmo rio uma segunda vez, pois quando isso
acontece já não se é mais o mesmo, assim como as águas que já serão outras.”
Raul Seixas, também apregoava em sua música, Medo da Chuva, que ele tinha
perdido o medo da chuva porque a chuva voltando para terra trazem coisas do ar.
Ou seja, já são outras águas de chuva.
Mesmo que as águas, após passar pelas pás
de um moinho, se evaporem, transformem em chuva, essa chuva que retorna em
forma de águas já não são mais as mesmas, porque a essência das águas foram
alteradas, assim como nossa essência quando entramos em um rio pela segunda
vez. A fórmula H2O é básica, mas com muitas variantes, haja visto as estâncias
hidrominerais.
Todo esse comparativo é para dizer, por
exemplo, que as águas do rio São Francisco que brotam de sua nascente na serra
da canastra não são as mesmas que desaguam no oceano. Isto porque ao longo de
seus quase 3000 quilômetros outras águas de outros afluentes se juntam, assim
como novas essências alterando toda sua configuração inicial.
Assim é com a pessoa. Nasce indefeso.
Necessita terrivelmente de seus pais e principalmente de sua mãe para
sobreviver. No reino animal é, quando nasce, sem sombra de dúvidas o ser mais
frágil. Ou seja, nenhum ser humano nasce pronto.
Nascemos frágil. Crescemos e vamos nos
transformando, enfim deixamos de ser frágeis fisicamente e nos tornamos autossuficientes!!!!
Adquirimos experiência e conhecimentos. Nos equilibramos psicologicamente e
sentimentalmente.
Mas a cada dia somos outra pessoa. Pois
assim como crescemos fisicamente, também crescemos sobre outros aspectos. Como conhecimento,
inteligência, sentimentos, ou seja, amadurecemos.
Portanto, a assertiva de que hoje somos a
mais nova versão de nos mesmos é muito razoável.
Até a próxima.
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