Datas comerciomemorativas!
Datas comerciomemorativas!
Engraçado né?
Nunca acreditei muito no Natal. A não ser como o dia do
nascimento de Cristo. Também nunca acreditei no Ano Novo, nem mesmo como uma
virada. Para mim é tão somente uma continuidade do tempo e da vida.
Aliás o tempo é um caminhar contínuo e inexorável. Nada nem
ninguém tem o poder de pará-lo. Como bem apregoa o trecho da música de Cazuza,
que diz: “o tempo não para”.
Todos sabem, pelo menos os mais chegados com certeza sabem,
que nasci e fui criado na roça. Tive uma infância e adolescência de pé no chão.
Longe das notícias e das coisas da cidade. Sem qualquer contato com as
badalações do Natal e das festas de fim de ano. Talvez por isso nunca fui
adepto das festas natalinas e dos “réveillons”. Assim como dos carnavais.
La na roça, nos confins das invernadas, natal para os
meninos de pé no chão, pelo menos para mim, era símbolo de presentes, que nunca
chegavam. A noite de Natal era uma noite qualquer, a não ser a noite de colocar
os sapatos atrás das portas para que a hora que Papai Noel passasse pudesse
deixar algum presente. Presente?
E assim foi durante toda infância e adolescência. Mas nossos
sapatos nunca amanheceram vazios nos dias de Natal. Não recheados de presentes
caros, mas com docinhos que mamãe e papai faziam à noite depois que íamos dormir.
Pela manhã era aquela farra. E a disputa era quem tinha
ganhado os melhores e mais docinhos e balas.
Quando falávamos em brinquedos, papai e mamãe falavam que
naquele ano o Papai Noel não teve dinheiro suficiente para comprar os presentes
que tínhamos encomendados, mas que não havia esquecido de nós e deixado uns
docinhos. Que talvez no ano seguinte teria dinheiro para comprar os tão
sonhados presente. Minhas irmãs queriam bonecas. Eu! Uma bola de futebol, de
verdade.
E assim foi até entendermos de fato o que representava o
Natal.
A noite de ano novo também era uma noite qualquer, a não ser
que estivéssemos em Torreões e aí teríamos a missa de passagem de ano. No natal
tínhamos a missa do galo.
À medida que fui crescendo esse sentimento acerca do Natal e
do Ano Novo tornou ainda mais realidade. Desde então, enxergo o Natal e o Ano
Novo como datas de apelos estritamente comerciais, nada mais. Até mesmo o
propalado momento família, nada mais é do que apelos comerciais, com trocas de
presentes, fartura de comes e de bebes. Às vezes até em detrimento de outros
dias do ano.
Natal e ano Novo sempre foi sinônimo de lojas enfeitadas,
preços expostos, promoções, propagandas, promessas de parcelamentos e todo o
tipo de apelo ao consumo.
Há pessoas que sacrificam vários meses do ano para
satisfazer a gastança do fim de ano. Alguns com pagamento de prestações para quase
todo o ano seguinte.
Assim também são com outras datas comemorativas. Tal como
acontece na Semana Santa, no dia das Mães e no dia dos Pais.
Bem da verdade quem festeja mesmo são os comerciantes em
geral, que contabilizam polpudos lucros com suas vendas.
Talvez seja um pensamento cético, diferente. Mas a verdade é
que essas datas comerciomemorativas,
nunca me seduziram. Participo, festejo, mas não com o entusiasmo de muitos, que
vejo saindo das lojas com suas sacolas cheias de produtos.
Para mim são datas comerciomemorativas.
Até a próxima.
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