Entre flores e livros - Saudade e saudosismo

 

Não tenho por princípios ser saudosista. Aliás, ser saudosista é diferente de sentir saudades, penso eu!

Neste sábado bateu aquela saudade. Saudade eterna da minha mãezinha Maria, que faria 92 anos se viva estivesse, mas que nos deixou há seis anos. Para amenizar fui ao cemitério, mesmo sabendo que ela não está lá e que não a encontraria. Lá é só uma referência. Fiz orações, acendi uma vela em sua intenção. Estou em paz.

Bem da verdade se a gente sente saudades de alguma coisa ou de alguém é porque o lugar ou a pessoa foi muito importante.

Por isso sinto falta, não saudade, das coisas da minha infância e da juventude, sem ser saudosista. Até porque são coisas que não voltam mais e nem tem como recuperar. Viver é tocar em frente, seguir a marcha inexorável do tempo.

Os lugares por onde passei, no decorrer da minha jornada nesta vida já não são mais os mesmos, assim como eu, que à medida que os anos foram passando me tornei outra pessoa, talvez até mesmo na essência. Posso dizer que a cada dia que passa me torno na versão mais atualizada de mim mesmo.

Da minha infância de menino pobre de pé no chão e de minha juventude, restam apenas as boas lembranças. As ruins deixei esquecidas em algum canto do meu passado, embora algumas, vez em quando, ainda insistam em acordar de algum canto de minha memória. Porém, sem perda de tempo as coloco no lugar de onde saíram, sem dar lhes tempo de me perturbar.

As vezes tenho vontade de visitar alguns poucos lugares. Mas cada vez que visito alguns deles vejo que nada mais têm em comum com o que me tornei hoje. Até mesmo Torreões e Invernada. De tão mudados quase não os reconheço, porém ainda são os lugares que mais trazem boas lembranças. Sem saudosismos, é claro!

Recentemente estive em um dos lugares onde fui muito feliz nos últimos anos. Quatro anos depois, já não é mais o mesmo. Ficou apenas as lembranças e os momentos felizes que lá passei, que podem ser relembrados em fotos. Por incrível que possa parecer, não bateu mais aquela emoção. Creio que talvez seja por não ser muito apegado em coisas materiais.

Tenho saudade sim, dos amigos que lá deixei. Foram períodos de muita convivência e amizade, que persistem até hoje. Por isso, vez em quando apareço lá e botamos a conversa em dia.

Sou mais apegado a pessoas, principalmente aquelas que por algum motivo se tornaram amigas, ou que por alguma razão, influenciaram na formação do homem que sou hoje. Sem idolatria.

Meu ídolo sempre foi meu pai Jair, que embora sem cultura, teve, e ainda hoje tem influência marcante na formação do meu caráter. E claro, não poderia deixar de mencionar minha mãe Maria, motivo inicial deste texto/relato e orgulho de nós, seus filhos e netos, que até a pouco tempo, ainda botava limites para turma.

Ambos fizeram e faz muita falta. Mas Deus sabe o que faz. Estamos em paz.

Até a próxima.

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