Nas trilhas das invernadas - Outra vez na invernada

 

Outra vez nas invernadas.

Sábado. 15 de outubro. La vamos nós. Mais uma caminhada. Dessa vez e de novo, para as bandas das invernadas. Caminho da roça. Ponto final próximo a antiga casa velha, como era chamada, devido ao seu estilo rústico e já em decadência.

Vale registrar que nessa casa rustica morava a Dona Cota e seu filho o Chico da Cota que trabalhava avulso (trabalhava a dia) para as pessoas da região, inclusive para o meu pai. Pelo menos desde que comecei a passear com meus pais era a Dona Cota e seu filho Chico.

Tem uma passagem interessante sobre a Dona Cota, para mim inesquecível, creio que para as minhas irmãs Arilda e Acilda também. Dona Cota era benzedeira e um belo dia chegou lá em casa nas invernadas e começou a conversar com minha mãe. Conversa vai e conversa vem ela falou para minha mãe: “o Dona Maria, deixe eu benzer esses meninos”, no que mamãe concordou.

Foi logo apanhando uns galhinhos de arruda e começou a benzeção. Logo que percebemos o que estava acontecemos saímos correndo e minha mãe nos chamando de volta, no que a Dona Cota disse mais ou menos assim: tem problema não Dona Maria enquanto eles estão correndo eu tô benzendo. Agente se lembra muito bem dessa passagem até hoje. Foi muito divertido.

Mas, prosseguindo.

Durante toda a minha infância, indo para Torreões, passei por ela. Ficava abaixo da estrada e de uma moita enorme de bambu gigante, aquele todo listrado de amarelo e verde, parece até uma homenagem às cores da nossa bandeira, só faltou o branco, porque o azul dava para deduzir, considerando as tonalidades do verde. Hoje, nem a casa e nem a moita de bambu existem mais. Não resistiram a chegada dos eucaliptos.

A região era conhecida como morro redondo, sempre alugado como local para onde eram levadas as vacas falhadas, aquelas que iam para um descanso até dar nova cria, quando então eram recolhidas e levadas para a sede das fazendas para a produção de leite. Costumava ser também local de engorda de bezerros.

A propriedade tinha pouca água, apenas um pequeno corregozinho que na época da seca, praticamente secava deixando o gado com sede. A propriedade era pobre de capim e de agua. Às vezes, os animais em vez de se recuperar definhavam e não raro quando passávamos por lá havia algum animal morto. Papai falava que era por causa da água.

O trajeto escolhido dessa vez foi passando pelo fundão e o chapadão, trechos já conhecidos, indo até próximo à segunda ponte – também conhecida como ponte do Sr. Joaninho – em seguida prosseguindo em direção à invernada. O trajeto todo 10,8 km de caminhada, com vários trechos ladeado por florestas e áreas de vegetação, proporcionando uma temperatura muito agradável. Como não havia sol a caminhada ficou ainda mais leve. Na chegada ainda houve uma chuvinha fina, que refrescou ainda mais o ambiente.

Com o trajeto todo ladeado de vegetação, não foi difícil avistar espécies de frutas silvestres, como ingazeiros em flor, gabiroba, amorinha silvestre, esta, uma delícia, além de outras espécies.

Nessas caminhadas, passando por diversos trechos da região pude observar que vários lugares, onde eram pastagens, hoje, ao que parece devido à falta de limpeza, a vegetação cresceu e transformou se em mata fechada, outros em pastos sujos, com espécies nativas invadindo os terrenos. Alguém me disse que pelas bandas das invernadas, hoje, há até onças pardas. Até procuramos, mas não vimos nenhuma ainda. Kkkkk. É que sempre passamos durante o dia, e onças e outros bichos têm hábitos noturnos.

Masss.... Tenho dúvidas se há na região uma onça com porte capaz de enfrentar uma pessoa adulta. Ainda, segundo informações especializadas, onças não atacam humanos. É que não fazemos parte de sua cadeia alimentar. O risco, talvez, é se o animal se sentir ameaçado de alguma forma. Eu que não pago para ver.

Passamos por fazendas centenárias e terrenos já arados e prontos para o plantio. Tudo isso me fez voltar ao meu passado de quando meu pai, então agricultor, preparava a terra para o semeio de milho, feijão e arroz.

Na chegada ao ponto final pude perceber quão mudado está a região do morro redondo, hoje, granjeada e conhecida como fazendinhas das invernadas. Quem diria!

Mas ainda há a predominância de plantação de eucaliptos.

O ponto final da caminhada! Um bar! Quem diria!!

 Relaxamos e fomos repor as energias. Cerveja e um bom tira-gosto. Para completar, fomos até a segunda ponte, ou ponte do Sr. Joaninho, no “Café na Estrada” do Murilo. Foi um sábado e tanto.

Até a próxima.

 

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